INTRODUÇÃO
Desde a época de Adão até o tempo dos discípulos, Deus revelava seu
plano passo a passo. À medida que Deus revelou cada parte, ele confirmou
a mensagem com sinais e milagres. Em Jeremias 31, próximo ao fim da
revelação dada no Antigo Testamento, Deus prometeu fazer uma nova
aliança com seu povo, assim predizendo que ele mandaria a mensagem do
Novo Testamento. Esta nova aliança começou a ser anunciada por Jesus.
Ele ainda disse que não deu toda a mensagem por Ele mesmo, mas que o
Espírito Santo revelaria o restante do evangelho através dos apóstolos (Jo
16:12-13). Esta promessa foi, de fato, cumprida, e o evangelho foi
completamente revelado e confirmado no primeiro século (Hb 2:3-4).
De acordo com o ensinamento das Escrituras, o Novo Testamento é a última
revelação de Deus para o homem e não há mais revelações.
Referências bíblicas abordadas no estudo
As referências aqui listadas levaram a melhor compreensão da relação
teologia e revelações nas características de comunicação destas,
trazendo importantes informações sobre a relação estudada. Apresenta-se
a seguir a relação dos textos abordados na Bíblia.
a)
Jó 11:7
“ Porventura, alcançarás os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do
Todo-poderoso?”
b)
Is 40:28
“ Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos
confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não há esquadrinhação do
seu entendimento.”
c)
Jo 17:3
“ E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro
e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”
d)
Fp 3:8
“ E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência
do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de
todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a
Cristo”
e)
I Jo 5:20
“ E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para
conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é,
em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. ”
f)
Hb 1:1
“ Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo
Filho,”
g)
Hb 1:3
“ O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua
pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo
feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à
destra da Majestade, nas alturas;”
h)
Cl 1:15
“ o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;”
Novo Testamento – A última revelação de Deus.
Jesus prometeu que o Espírito Santo guiaria os discípulos a toda a
verdade. Os discípulos disseram que eles não deixaram de anunciar nada (At
20:27) e que Deus tinha dado todas as coisas que pertencem à vida e ao
serviço espiritual (II Pe 1:3). Paulo, em Colossenses 2, argumentou
vigorosamente que havia perfeição em Cristo. Ele ensinou que Cristo
contém todos os tesouros da sabedoria e conhecimento, toda a plenitude
da divindade - a verdadeira circuncisão.
As Escrituras que já foram reveladas no início do cristianismo foram
suficientes para completar a alegria do cristão, mantê-lo longe do
pecado, dar a ele o conhecimento da vida eterna, dar a ele a sabedoria
para a salvação, ensiná-lo, repreendê-lo, corrigi-lo e instruí-lo na
justiça (1 Jo 1:4; 2:1; 5:13-20; I Tm 3:15; II Tm 3:16). Através das
Escrituras reveladas no primeiro século, o homem de Deus podia ser
adequado e preparado para toda a boa obra (II Tm 3:17).
A Nova e Última Aliança
Em Hb 7:11-14, mostra-se que há uma inseparável ligação entre a aliança
e o sacerdócio. Em Hb 7:15-28 mostra-se que o sacerdócio de Jesus é
infindável, indestrutível, permanente e final. Portanto, a aliança tem
que ser permanente, imutável e final. Em Hb 13:20 há uma referência à
eterna aliança. O sacrifício de Jesus foi um sacrifício feito uma vez
para sempre (Hb 9:26), e a fé foi dada uma vez para sempre aos santos (Jd
3). Se houver uma contínua revelação da fé, teria que haver uma contínua
oferta de Jesus; mas na plenitude da verdade, Jesus foi oferecido uma só
vez; e o evangelho foi revelado uma só vez, também. Não existirá mais
sacrifício; não haverá mais mensagens de Deus.
Esta não era a situação no passado. Antes que Cristo viesse, Deus se
revelou muitas vezes em muitas maneiras, mas então ele deu sua última
revelação através do seu Filho (Hb 1:1-3). Pela própria natureza de
Jesus, deve ficar claro que não pode haver acréscimos nem modificações à
perfeita mensagem que ele revelou através de seus discípulos no início
do cristianismo. Aceitar qualquer acréscimo, é negar a perfeição de
Cristo e a mensagem que ele entregou.
A Profecia Terminou
As revelações da vontade de Deus não foram planejadas para durarem para
sempre. Em I Co 13:8-13, Paulo fala sobre três épocas neste texto:
Primeiro, há o tempo em que a profecia era em parte, quando Deus estava
revelando sua palavra pedaço por pedaço (versículo 9).
Segundo, viria um tempo em que as profecias cessariam, entretanto a fé e
a esperança continuariam (versículos 10 e 13).
Então, finalmente, quando Cristo retornar, a fé e a esperança também
cessarão (Rm 8:24-25; II Co 5:7) e somente o amor irá permanecer.
O tempo no qual não haveriam mais profecias é agora, a época na qual
temos o perfeito Novo Testamento. Pelos textos abordados até o momento,
o que pode-se observar é que Deus nunca pretendeu que a revelação
continuasse através dos séculos; mas sim, até que a mensagem do
evangelho pelos discípulos fosse dada por completo.
Os Cristãos Devem Segurar Firme o Evangelho Já Revelado
"Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos
foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa" (2
Tessalonicenses 2:15).
"Para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas
pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador,
ensinado pelos vossos apóstolos" (2 Pedro 3:2). "Vós, porém, amados,
lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de
nosso Senhor Jesus Cristo" (Judas 17). Estas passagens são muito
importantes. Elas indicam que o servo de Deus deve olhar para atrás e
ver a mensagem revelada pelos apóstolos e guardá-la, e não ficar à
espera de mensagens vindouras. As Escrituras nos encorajam para
permanecermos na revelação original e não procurar desenvolvê-la com uma
outra revelação do Senhor.
A Pregação das Outras Coisas é Condenada
Sempre existiu e existe um considerável perigo de pessoas serem
enganadas por impostores. Há uma constante necessidade de testar o
professor comparando sua mensagem com a palavra já revelada e confirmada
(Atos 17:11; 1 João 4:1). Deus adverte a respeito de confiar em pessoas
que afirmam ter recebido um sonho (Jeremias 23:25-32), e também de
acreditar em pessoas que pregam a mensagem errada, mesmo quando elas
predizem um acontecimento, e este se torna realidade (Deuteronômio
13:1-5). Qualquer outra pregação, seja por Paulo, ou até mesmo por um
anjo do céu, está condenada (Gálatas 1:6-9; 1 Timóteo 1:3-4).
A comunicação da revelação no Novo Testamento.
A revelação de Deus no Antigo Testamento constitui um conjunto de
escritos sagrados herdados pelas comunidades cristãs atuais. Ainda que a
revelação do Antigo Testamento se transforme necessariamente ao ser lida
pelo novo processo revelador de Deus (Mt 5:17-20), o Antigo Testamento é
confirmado como lei e norma autêntica para os cristãos de todos os
tempos (Jo 10:35) e como escrituras sagradas inspiradas por Deus (2Tm
3,16).
Considerando como legítima e verdadeira a palavra de Deus do Antigo
Testamento, o Novo Testamento também aponta que Deus falou aos profetas
(At 7:31-53) e falou através de suas intervenções históricas (2Pe 1:21).
Toda experiência de escuta e assimilação da palavra de Deus vivenciada
pelas tradições judaicas é integralmente assumida e venerada pela Igreja
cristã primitiva.
Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho nascido de uma mulher. O
nascimento, a vida, as obras e o projeto de Jesus Cristo tornaram-se a
maior e mais importante revelação. Por isso diz-se que Jesus é o centro
da revelação, por ser a própria Verdade; e o Antigo Testamento, mesmo
sem conhecê-lo, testemunha-o com uma gigantesca e maravilhosa profecia.
Esse milagre só podia ter como autor o próprio Deus.
A encarnação de Jesus confirma a dimensão mais real e palpável da
revelação de Deus. Ele ensinou com palavras, mas a revelação realiza-se
nele principalmente através de sua prática libertadora, pela sua morte e
ressurreição; prenúncios da redenção para a humanidade – a salvação.
Com a encarnação do Filho de Deus, o que antes era sustentado
fundamentalmente pela palavra, agora é testemunhado pela própria carne
de Deus feito homem, a verdadeira
Palavra – a verdadeira
Revelação. Acontece, porém, que a própria revelação encarnada não
exclui a necessidade estrutural de expressar-se com reflexos verbais, de
se comunicar. Os "ensinamentos de Jesus" são transmitidos como a Boa
Nova e, na sua ausência histórica repercute-se em expressões verbais,
literárias e lingüísticas.
Nas cartas paulinas, a revelação realiza-se nas palavras da Escritura,
exaltando a categoria da palavra; Paulo reconhece o Antigo Testamento
como expressão fragmentária da revelação de Deus, cujo ápice se faz
através da palavra comunicada por intermédio de Jesus (Hb 1,1-3).
João acentua o valor do cristianismo como uma religião revelada,
identifica Jesus com a própria palavra: ele é por inteiro revelação e
palavra. Palavra que ainda é carne viva e concreta, que com nossos olhos
foram vistos, que foi contenplada, e que as mãos dos discípulas
apalparam; mas que, afinal, também precisou chegar-se por meio de
palavras e que por palavras foi entregue a sua revelação, ou seja, a
comunicação da revelação.
CONCLUSÃO
Não há mais revelação hoje. Devemos nos opor a qualquer mensagem que
revela algo a mais ou alguma coisa diferente do que Deus falou no Novo
Testamento. Assim, todas as religiões baseadas em alguma outra revelação
são automaticamente rejeitadas. O verdadeiro seguidor do Senhor se
lembrará e guardará o que ele tem aprendido do Evangelho.
Além disso, reduzir o processo revelador trazido pelo Antigo Testamento
em forma de palavra de Deus é aceitável apenas quando não se reflete
toda a experiência da revelação no Novo Testamento. De fato, essa
experiência reveladora é muito mais complexa e não pode ser assim
simplificada, senão para evidenciar aspectos que nos fazem compreender
esquematicamente o processo da comunicação da revelação.
No intuito de crescer no tema desenvolvido neste trabalho, sugere-se
discutir em momento oportuno algumas questões que são apontadas abaixo:
-
Se a perfeição já estava disponível em Cristo no primeiro século,
como pode ainda existir mais alguma mensagem para Deus nos revelar?
-
O que mais poderia nos prover uma outra revelação hoje em dia?
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Ferreira. A Bíblia Sagrada: Edição Corrigida e Revisada,
Fiel ao Texto Original. São Paulo, 1995.
BARKER, Kenneth (organizador), [et al.].
Bíblia de estudo NVI. São Paulo. Ed. Vida, 2003.
BETEL, Seminário. Métodos de estudar a Bíblia – Apostila. Bahia. 2005
GORGULHO, Gilberto da Silva, [et al.]. A Bíblia de Jerusalém: Edição em
língua portuguesa. São Paulo. Ed. Paulus, 1973.
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da
Bíblia. São Paulo. Ed. Vida Nova, 1994.
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